quinta-feira, 27 de maio de 2010

Transporte Coletivo: Lições da Greve.

O fim da greve dos rodoviários jogou para baixo do tapete a grave crise por que passa o sistema de transporte coletivo de Manaus. O ano de 2009 foi o pior da história do transporte público com um aumento de 10% no IPK (Índice de Passageiros por Kilometro), resultado da equação: número de passageiros/kilometros rodados.
O aumento do IPK foi motivado principalmente por uma queda drástica da kilometragem, fruto das quebras constantes e da diminuição do número de veículos nas linhas. Rodando menos, os ônibus demoram mais a passar e andam mais lotados.
Foi pensando nisso e visando criar uma medida preventiva que o contrato assinado em 2007 com a concessionária de transporte estabeleceu o IPK como parâmetro de avaliação de desempenho. Ou seja, o percentual de aumento do IPK deve ser reduzido da tarifa. Assim, colocou mais ônibus na rua, quebrou menos, rodou mais, as pessoas esperaram menos e andaram em ônibus mais confortáveis e menos lotados, haverá reajuste na tarifa. Rodou menos e mais lotado, não há reajuste, podendo até haver redução. É o que está no contrato que o Prefeito teima em ignorar e não fazer cumprir.
Vincular o reajuste da tarifa a metas de renovação da frota e boa prestação do serviço é o caminho a ser seguido para uma mudança no transporte coletivo de Manaus.
No mais, são necessárias intervenções estruturantes, como o alargamento de ruas, a construção de corredores exclusivos e a instalação de sinalização inteligente, tudo com o objetivo de aumentar a velocidade média da frota que hoje é de 12 km/h (equivale a velocidade de bicicleta). O resto é demagogia barata que em nada contribui para a superação do problema.
Numa cidade de quase 2 milhões de habitantes, que licencia 3 mil veículos por mês, se um veículo (ônibus) que transporta até 200 pessoas, concorre, no trânsito, em pé de igualdade com outro (carro de passeio) que carrega no máximo 5 pessoas, alguma coisa está errada.
Junto com o acordo que pôs fim à greve dos rodoviários, os empresários anunciaram, sem apresentar qualquer demonstração financeira, que não poderão pagar esse reajuste sem aumento da tarifa. Ou enfrentamos esse debate com a responsabilidade e o espírito público que a gravidade da situação exige, ou em breve o vento vai bater e a poeira sairá debaixo do tapete para novamente atormentar nosso povo.

PS. Estou coletando informações para demonstrar a grave crise energética porque passa Manaus, fruto da incompetência dos gestores da Amazonas Energia.

Marcelo Ramos é advogado e vereador pelo PSB.
www.vereadormarceloramos.com.br

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